domingo, 27 de julho de 2014

A moda do Gin

Olá pessoas bonitas. Não têm de agradecer por estar a enaltecer os vossos egos, veio mesmo do coração, hoje estou assim. Bem, estava aqui a beber um fino por uma palhinha amarela enquanto pensava nesta moda do gin. É verdade que não percebo nada de modas, gosto de beber finos e usar calças e t-shirts normais, nisso sou meio estranho bem sei. Uma vez até ia a passar na rua e de fundo ouvi dizerem: - "Ui, olha este rapaz que tão normal que ele é! Deve ser heterossexual ou assim".
Mas vamos então voltar ao gin. O gin é uma bebida alcoólica como todas as outras, e tal como qualquer bebida branca, embebeda, o facto é que, ao que parece, o gin tem estilo. Atualmente, durante a noite podemos ver as pessoas que bebem qualquer bebida, os que pedem gin porque está na moda e os que seguram um copo de gin durante a noite inteira... porque é fixe. Ao que parece segurar um copo de gin dá estilo a qualquer um; até vos posso deixar o conselho de, no caso de irem nos próximos dias a uma entrevista de trabalho, levarem um copo de gin. Agradeçam depois.
É chato quando se quer pedir um fino e se tem de esperar que o barman elabore um gin durante uns 15 minutos. Visto que sou envergonhado, para durante a espera falar com meninas devidamente decotadas, fico a reparar na concepção de um gin, um processo delicado que se for bem feito, o próprio universo fica em equilíbrio no final. Só não me cabe é uma coisa na cabeça, que é mais ao menos assim: QUEM FOI O PANELEIRO QUE SE LEMBROU DE METER ERVINHAS E FRUTINHAS EM BEBIDAS ALCOÓLICAS? (ler de forma mais acentuada). Vamos partir de um principio básico que é: quem bebe bebidas brancas se quer embriagar, caso contrário pede um suminho que é mais doce... se assim é, qual a lógica de meter ervinhas e frutinha numa bebida? Dizem que o Cláudio Ramos gosta muito de beber de copos bem decorados, mas isso é ele que é especial, não somos todos paneleiros que eu ainda vejo rapazes a olhar para os calções curtinhos que as meninas vestem. É hortelã, é melancia, é morango, é salsa, é alecrim, é majericão, é azeitona, é pepino... e depois tem de ficar tudo ali a boiar no copo para ficar bonito... Se é para ficar bonito e não é para beber ao menos metam lá um peixinho dourado que sempre fica mais formoso e dá um ar de alguém que se preocupa com os animaizinhos, o que até pode servir para meter conversa com um rapariga. E se querem fruta, comam fruta, não vamos andar a molhar a fruta em bebidas alcoólicas. Mas somos todos doidinhos agora é? Ah oh Jorge mas está na moda... Então e se a próxima moda for pegar num ferro de passar roupa em brasa e o colocar na cara durante cinco minutos, vocês também o vão fazer? Já não chegava o gelo para lixar o pessoal... Depois vai sempre haver aquele bêbado que nunca admite que está mal e que gregou porque não aguentou com o que bebeu e vai dizer "ah deve ter sido da hortelã que estava estragada". O gin tem estilo. Dá estilo. Embebeda, como o resto das bebidas alcoólicas. Só tem um mal: a ressaca não tem mais estilo do que as outras por isso parem de beber gin só porque está na moda até porque também está na moda ser homossexual.
No fundo muitos dos que aderiram a esta moda do gin são aquele tipo de pessoa que quer parecer importante e quer ser fixe porque bebe bebidas alcoólicas.
Bem vou então pedir outro fino que o barman já acabou de preparar o gin para este rapaz com ar de cocózinho.
Até à próxima mas só se não falecer entretanto.






terça-feira, 22 de julho de 2014

A história dos Talhão (Israel) e dos Cerveira (Palestina)

Sei que já há algum tempo que não venho aqui escrever para os mais lindos leitores da Internet, é que de vez em quando é bom parecer que ando meio ocupado. Aprendi isso com um gestor do BES. Também me ensinou que nunca deves ir às compras com uma mulher, é sempre uma boa dica de poupança e de não falir, disse ele. Mas bem, estou a ver que estão mais morenos mesmo com este tempo mais incerto que o humor de uma mulher.
Hoje vou abordar um assunto um pouco mais sério, vou contar-vos a história de duas famílias da minha terra. Não muito distante da minha casa existem desacatos constantes entre os meus vizinhos. Os Talhão são uma família de emigrantes que durante muito tempo estiveram na Alemanha e por lá ganharam muito dinheiro. São uma família muito arrogante e têm a mania que são superiores a todos. A mania deles é tanta que aqui na terra a alcunha deles é os Rita Pereiras. Conta-se que o Albino Talhão com a sua mania de ser fanfarrão arranjou uns problemas na Alemanha com uma família chamada Adolfo, que por incrível que pareça tinha ainda mais mania que eles e não gostava que os Talhão se achassem os maiores do mundo. Sendo assim os Talhão, para não levarem na tromba dos alemães Adolfo voltaram cá para a terrinha. Ao que parece não aprenderam a socializar e continuam a achar-se os maiores por cá, tanto que o filho do Albino lá na escola está sempre a bater nos outros miúdos todos e a roubar-lhes os bollycaos. Diz-se também que o Albino faz com a mulher o que o Carrilho fazia com a Bárbara Guimarães, mas ela não se importa porque diz que gosta deles brutos. Posso dizer que por cá ninguém gosta dos Talhão.
Os Cerveira são os outros meus vizinhos, é uma família bastante humilde, mas de vez em quando bem os ouço no café a dizerem mal dos outros, também não são completamente santinhos, como ninguém o é. Os Cerveira vivem num terreno que compraram ao avô do avô da avó do avô do avô do avô dos Talhão, que dizem que era um homem muito bondoso e fez a minha terra em 7 dias - diz-se que cada família da minha terra descende dele, enfim eram outros tempos em que os meios contraceptivos eram diferentes e no fundo ele queria era usar o seu dom "divino" para consolar os seus desejos sexuais. Uma vez a família Teixeira até teve um menino muito especial que dizia ser enviado por esse "avô de todos nós" daqui da terra e que até fez aumentar a produção da batata aqui na região; inventou inclusive o pão à moda da sandes de pão que matou a fome a muita gente e lhes salvou a vida. Enfim os amigos e as pessoas que o foram seguindo até escreveram um livro sobre isso e outras histórias criativas chamado de Bibwiah.
Voltando aos Cerveira, essa terra que eles compraram ao avô do avô da avó do avô do avô do avô dos Talhão tinha sido designada como a terra prometida dos Talhão, mas os Cerveira como tinham comprado aquela terra já há muito, lá tinham feito as suas vidas e nesse terreno tinham as suas quintas.
Com o retorno dos Talhão à terra eles queriam voltar à terra prometida, mesmo com ela habitada pelos Cerveira. Sendo assim como a Câmara daqui é do PSD e eles também são militantes democratas, a câmara daqui cedeu metade do terreno dos Cerveira para os Talhão, assim à grande nem pagaram pelo terreno nem nada, mas também como vinham da Alemanha com o bolso cheio lá deram uns trocos ao senhor da junta de freguesia da minha terra e ao presidente da câmara. Ainda assim os Talhão não estavam contentes com o terreno que tinham da terra prometida, e então finos como são, ao longo dos anos começaram a apoderar-se do terreno dos Cerveira. Primeiro o campo das cebolas, depois o campo das batatas, o pomar, até se apoderaram do poço dos Cerveira. Estavam também a atirar pedras constantemente para as janelas dos Cerveira. Estes não gostaram e de vez em quando o senhor Gastão Cerveira  lá ia deitar veneno nos campos que seriam deles por direito. Os Talhão não gostavam e então furaram os pneus do Opel corsa de 1994 dos Cerveira, não satisfeitos com a vingança a dona Talhão andou a dizer pela terra que a senhora Eufémia Cerveira andava a trair o marido, o senhor Gastão. Enfim era toda a gente a falar mal deles aqui na terra, eles ainda se chatearam um pouco mas lá perceberam que tinha sido um boato criado pelos Talhão que na calha já lhes tinha roubado o campo dos tomates também.
Os Cerveira bem faziam queixa à GNR sobre lhes roubarem os campos, mas a câmara não deixava que a GNR fizesse alguma coisa. Até se foram queixar à junta mas o senhor Fausto que lá trabalha até dizia que o terreno onde os Cerveira moravam não era de ninguém.
Isto começou a agravar-se quando o senhor Gastão continuou a meter veneno nos seus antigos terrenos e uma vez viu o senhor Albino a sair de casa e chamou-lhe aquele nome que metade dos portugueses já chamou ao Cavaco Silva e ao Paulo Bento. O senhor Albino claro, não gostou. Primeiramente partiu os próprios vidros do seu carro e até lhe colocou várias bombas de carnaval, de seguida acusou os Cerveira como forma de justificação de os castigar, arranjou ainda uma pressão de ar, que era mesmo para magoar os Cerveira. Nos últimos dias tem andado de noite a disparar para a casa deles. Disparou para a janela do quarto dos filhos do Gastão e até acertou em dois deles, mas como desculpa o senhor Albino diz que eles só lá estavam de propósito que é para pensarem que ele é má pessoa. Os coitados dos Cerveira que do terreno deles já só lhes sobra a casa, lá andam a levar porrada dos Talhão, que por serem insultados agora atacam com pressão de ar, fisgas, sacholas, até pediram helicópteros aos bombeiros daqui para dispararem a pressão de ar com um maior alcance. Os coitados dos Cerveira já só têm os talheres de casa para se protegerem.
Eles bem se queixam à GNR, mas eles nada fazem, até porque são eles que fornecem a pressão de ar aos Talhão. Fazem isso por ordem da Câmara que protege os Talhão pelo dinheiro que eles trouxeram da Alemanha. O jornal daqui chamado "A voz dos que têm dinheiro" já fez várias reportagens onde faz parecer que os Talhão é que têm razão no meio deste conflito e que os Cerveira usam os filhos como escudo para se protegerem do chumbo que os Talhão disparam através das suas armas cedidas pela GNR. O pessoal aqui vê sem fazer nada até porque a maior parte não pode interferir por serem funcionários públicos... e se se metem são despedidos como aconteceu à dona Síria Líbano (nome estranho bem sei).
Era bom que ambas as famílias dividissem o seu terreno e conseguissem confraternizar em paz e igualdade de  direitos. E tudo isto seria mais engraçados se não se tratasse de uma sátira entre Israel (a família Talhão) e a Palestina (a família Cerveira).